quinta-feira, 29 de novembro de 2012

auterorizada pelo lobisomem


Na minha cidade natal, houve uma época em que muitas pessoas viram um “cachorro escuro enorme”, que andava ora em duas patas, ora em quatro. Diziam se tratar de um “lobisomem”.
O bicho surgia sempre por volta das 23h e como começou a ser frequente a sua aparição, houve um alerta na cidade para ninguém circular à noite pelas "estradas" (comum, no interior, chamar rua de estrada), e na parte mais rural.
Acreditam vocês que até o padre da cidade deu sermão numa missa falando do suposto animal? Sim, e dizia o padre que era coisa do “dimonho” e que todos deveriam orar para que o lobisomen não cruzasse nossos caminhos. Sério! Eu mesma estava nessa missa. Lembro que as pessoas se benziam quando se falava do tal lobisomem.
Quando a gente perguntava sobre como ele era, relatavam que ele respirava sempre roncando como um “cachorro grande engasgado”.
As pessoas “imitavam” esse barulho que ele emitia e sempre era o mesmo tipo de som.
A maioria das testemunhas não foi atacada, apenas via o ser ou ouvia o tal ronco e uns  passos selvagens. Contavam que ficava roncando "rrru-rrru-rrrru" o tempo todo. Que farejava tudo por perto, comendo coisas que encontrava no chão, na beira do mato. O tal ronco ficava mais intenso às vezes, noutras soava como um lamento, ou algo assim, e parecia estar cansado, sofrido, com dor. Ele fora muitas vezes visto sendo atacado por cachorros na rua.
O curioso é que a maioria das pessoas que testemunhou diz que o animal rondava a Igreja matriz da pequena cidade. A verdade é que o “animal” parecia não perder a consciência de sua monstruosidade incontrolável e era, digamos, racional, porque parecia, para muitos, que a Igreja representava um “refúgio”. Talvez para que Deus o protegesse, assim como fazem as pessoas adoentadas que procuram na fé a cura para o mal.
No entanto, não acreditei nessa versão, pois o caminho para o Cemitério Municipal ficava perto daquelas redondezas, e o lobisomem poderia estar indo para lá a procura de alimento, ou sei lá o que. O fato é que para ir ao cemitério tinha-se que passar em frente àquela Igreja.
Outro ponto em comum entre alguns relatos era: primeiro surgia um sentimento de pavor, pq o bicho era medonho e forte, e, por outro lado, sentia-se uma certa pena dele ao mesmo tempo. Isso por que a criatura era visivelmente acuada e desorientada, e parecia temer que o fizessem algum mal.
O relato que mais deu o que falar, na época, foi o de uns colegas meus da escola (7ª-8ª série), que costumavam jogar futebol, à noite, numa quadra próximo a casa deles. O lugar era quase em frente à Igreja Matriz.
Esses garotos não abandonaram o hábito do futebol noturno porque realmente não acreditavam, naquelas histórias que circulavam pela cidade.
Eis que numa daquelas noites foram surpreendidos pela aparição do lobisomem de que tanto se falava. Contaram que o bicho horrível estava andando em quatro patas, e, ao perceber que estava sendo visto por eles, parou e ficou de pé, em duas patas, os encarando. Esses colegas relataram que bateu um horror tão grande neles, que foi um “deus nos acuda”: separaram-se e saíram correndo em disparada, desesperados, cada um para sua casa. E um deles, que morava um pouco mais distante dali, foi o que mais ficou “traumatizado”, porque teve de correr um bom pedaço sozinho, já que na hora ninguém esperou por ninguém, apenas saíram correndo para fugir daquele bicho. Os garotos ficaram transtornados com o que viram, e antes mesmo de irem para a aula, no dia seguinte, a história deles se espalhou pela cidade. Lembro que eles tiveram que contar mil vezes aexperiência no colégio, pois até a diretora queria saber o que tinham visto. Eu dou garantia a vocês que em tudo dava para perceber que não era história inventada. Tanto que não jogaram futebol nunca mais à noite naquele lugar.
E foi essa a última vez que o bicho fora visto, até onde sei. Depois não se falou mais disso e a tudo voltou ao normal. Depois eu me mudei, e não sei dizer se houve “nova onda” de lobisomem naquela cidadela. Até hoje é um mistério.
Graças a Deus, não tive o desprazer de ver o lobisomem, nem de ouvir o ronco ou algo assim, e não quero jamais passar por essa experiência. Deus me livre!!! Que horrooooor! Não duvidem dessas coisas! Sempre digo isso. 

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